sábado, 18 de março de 2017

Ideia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita- Immanuel Kant

O entendimento compreende a faculdade onde o objeto é pensado. Ele produz conceitos. Eu vejo o mundo aplicando esses conceitos a priori, entender é subsumir objetos a conceitos. É o nível da ciência.
A terceira faculdade da razão, é a dos princípios, das conclusões, a razão produz idéias, jamais se refere a experiência, mas ao entendimento, a fim de dar aos múltiplos conhecimentos do entendimento uma unidade a priori por meio de conceitos. A unidade alcançada pelo entendimento não vai além do encadeamento dos fatos. A razão ultrapassa o entendimento porque sua atividade se assenta em conceitos e não em intuições. A razão impede o espírito do homem a não ser satisfeito com seus conceitos, e ir sempre mais adiante, ela busca o incondicionado a condição última de todas as coisas é a recusa do acabado.
 A razão para trabalhar cria três ideias, a alma, o mundo e Deus. Pela ideia da alma entende-se a unidade absoluta de um sujeito pensante, pensar na existência de um espírito que capta as coisas. Pela ideia de mundo; a unidade absoluta de uma série de fenômenos. E a de Deus unidade de todos os conceitos em relação a um conceito superior.




Ideia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita.
(Kant, Immanuel.1986. Brasiliense).

Kant a partir dessa obra adota uma intenção cosmopolita, onde as relações internacionais estão no centro de sua análise. Ele mostra que a liberdade política não se esgota no limites territoriais, e requer para se realizar o direito à cidadania do mundo.
De um ponto de vista metafísico as ações humanas são determinadas por leis naturais universais.

 Os homens enquanto indivíduos, e mesmo povos inteiros mal se dão conta de que, enquanto perseguem propósitos particulares, cada qual buscam seu próprio proveito e frequentemente de uns contra os outros. Seguem o propósito da natureza.

 Como o filósofo não pode pressupor nos homens e seus jogos, tomados em seu conjunto, nenhum propósito racional próprio, ele não tem outra saída senão tentar descobrir, neste curso surdo das coisas humanas, um propósito da natureza, que possibilite todavia uma história segundo um determinado plano da natureza para criaturas que procedem sem plano próprio.

*Primeira proposição*

Todas as disposições naturais de uma criatura estão destinadas a um dia se desenvolver completamente e conforme um fim.

 Pois, se prescindimos desse princípio não teremos uma natureza regulada por leis, e sim um jogo sem finalidade da natureza e indeterminação das desconsoladora toma o lugar do fio condutor da razão.
 *Segunda proposição*

 Numa criatura, a razão é a faculdade de ampliar as regras e os propósitos do uso de todas as suas forças muito além do instinto natural.

 Ela necessita de tentativas, exercícios e ensinamentos para progredir, aos poucos, de um grau de inteligência a outro. Para isso o homem precisa ter uma vida desmesuradamente longa a fim de aprender a fazer o uso pleno de todas as suas disposições naturais.

 *Terceira proposição*

 A natureza quis que o homem tirasse inteiramente de si tudo que ultrapassa ordenação mecânica de sua existência animal, que ele fosse livre de instinto.

 Tendo dado ao homem a razão e a liberdade da vontade que nela se funda, a natureza forneceu um Claro indício de seu propósito quanto a maneira de dotá-lo.

 Ele não deveria ser guiado pelo instinto.

Parece que a natureza não se preocupa com que ele viva bem, mas ao contrário, com que ele trabalhe de modo a tornar-se digno Por sua conduta da vida e do bem-estar.
E por enigmático que isto seja, entretanto, é também necessário quando se aceita que uma espécie animal deve ser dotada de razão.

 *Quarta proposição*

 O meio de que a natureza se serve para realizar o desenvolvimento de todas as suas disposições é o antagonismo das mesmas na sociedade. Eu entendo aqui por antagonismo a insaciável sociabilidade dos homens, ou seja, a tendência dos homens a entrar em sociedade que está ligada a uma oposição geral que ameaça constantemente dissolver essa sociedade. Mas ele também tem uma fonte uma forte tendência a separar-se porque encontra em si ao mesmo tempo uma qualidade insociável que o leva a querer conduzir tudo simplesmente em seu proveito. Esta posição é a que, despertando todas as forças do homem, o leva a superar sua tendência à preguiça e, movido pela busca de projeção, pela ânsia de dominação ou pela cobiça a proporcionar-se uma posição entre companheiros que ele não atura mas dos quais não pode prescindir.

 Agradecemos pois a natureza pela intratabilidade, pela vaidade que produzem inveja, competitiva pelo sempre insatisfeito desejo de ter e também de de dominar! O homem que era concórdia mas a natureza sabe mais o que é melhor para a espécie: ela quer a discórdia. Ele quer viver prazerosamente, mas a natureza quer que ele abandone a indolência e o contentamento ocioso.

Os impulsos naturais revelam também à disposição de um criador sábio.

*Quinta proposição*

 O maior problema para a espécie humana, a cuja solução a natureza a obriga, é alcançar uma sociedade civil que administra universalmente o direito.

 Toda cultura e toda a arte que eu ornamentam a humanidade, a mais bela ordem social são frutos da insociabilidade, que por si mesma é obrigada a se disciplinar.

*Sexta proposição*

 A dificuldade que a simples ideia dessa tarefa coloca diante dos olhos é que o homem é um animal que, quando vive entre outros de sua espécie, tem necessidade de um senhor.

 Mas de onde tirar esse senhor de nenhum outro lugar senão da espécie humana. Mas este é também um animal que tem necessidade de um senhor. Não se vê como o homem pode se dar, para estabelecer a justiça pública, um chefe que também seja justo - ele pode procurá-lo numa única pessoa ou num grupo de pessoas escolhidas para isso.

*Sétima proposição*

 A mesma insociabilidade que obrigou os homens a esta tarefa é novamente a causa de que cada república em suas relações externas, ou seja, como um estado em relação a outros estados - esteja numa liberdade irrestrita.

 Mas finalmente após tanta devastação e transtornos, e mesmo depois do esgotamento total de suas forças internas, conduz aos Estados àquilo que a razão poderia ter-lhes dito sem tão tristes experiências, sair do estado sem leis dos selvagens para entrar numa federação de nações em que todo o estado mesmo o menor deles pudesse esperar sua segurança e direito, somente desta grande confederação de nações.

 Abdicar de sua liberdade brutal e buscar tranquilidade e segurança numa constituição conforme leis.

 Os Estados como as partículas da matéria experimentem por meio de choques ocasionais todos os tipos de configuração, até que por fim se alcance acidentalmente uma configuração que se possa manter em sua forma (um feliz acaso que dificilmente acontecerá!)

 Será mesmo racional aceitar a finalidade das disposições naturais em suas partes e, no entanto, a ausência da finalidade no todo?

 Entre Estados vizinhos, e um poder unificador que dê peso a esta lei, de modo a introduzir um estado cosmopolita de segurança pública entre os Estados-  que não elimine todo o perigo, para que as forças da humanidade não adormeçam, mas que também não careça de um princípio de igualdade de suas ações e reações mútuas.

 Antes que este último passa aconteça (ou seja, a união dos Estados).

Nós somos civilizados até a saturação por toda espécie de boas maneiras e decoro sociais. Mas ainda falta muito para nos considerarmos moralizados se com efeito a ideia de moralidade pertence à cultura, o uso, no entanto, desta ideia, que não vai além de uma aparência de moralidade no amor à honra e no decoro exterior, constitui apenas a civilização. Mas enquanto os Estados empregarem todas as suas forças em propósitos expansionistas ambiciosos e violentos, impedindo assim continuamente o lento esforço de Formação interior do modo de pensar de seus cidadãos. O gênero humano permanecerá nesse estado até que por seu esforço saia do Estado caótico em que se encontram as relações entre os Estados.

*Oitava proposição*

 Pode-se considerar a história da espécie humana, em seu conjunto, como a realização de um plano oculto da natureza para estabelecer uma constituição política perfeita interiormente e exteriormente perfeita.

O iluminismo como um grande bem que o gênero humano deve tirar mesmo dos propósitos de grandeza egoísta de seus chefes, ainda quando só tenham em mente suas próprias vantagens.

 Os abalos em um Estado produzem todos os outros Estados em nossa parte do mundo tão ligada pela indústria: assim, pressionados por seu próprio risco, eles se oferecem como árbitros e desse modo preparam com antecedência um futuro grande corpo político.

 Embora este corpo político por enquanto seja somente um esboço grosseiro, começa a despertar em todos os seus membros como que um sentimento: a importância da manutenção do todo; e isto traz a esperança de que, depois de várias revoluções e transformações, finalmente poderá ser realizado um dia aquilo que a natureza tem como propósito supremo, um estado cosmopolita universal como o seio no qual podem se desenvolver todas as disposições originais da espécie humana.

*Nona proposição*

 Uma tentativa filosófica de elaborar a história universal do mundo segundo um plano da natureza que vise à perfeita união civil na espécie humana deve ser considerada possível e mesmo favorável a este propósito da natureza.

 Sempre aparece permaneceu um germe do iluminismo. Descobre-se assim, creio, um fio condutor que pode servir não apenas para o esclarecimento do tão confuso jogo das coisas humanas ou para artes da tradição política das futuras mudanças estatais.

 Seria uma incompreensão do meu propósito considerar que com esta ideia de uma história do mundo  que de certo modo tem um fio condutor a priori, eu quisesse excluir a elaboração da história propriamente dita, composta apenas empiricamente; isto é somente um pensamento do que uma cabeça filosófica.

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